Dislipidemia na Infância e Adolescência

 

O que é colesterol?

- O colesterol é um tipo de gordura importante para o funcionamento do nosso corpo, pois participa da formação da parede das células de todo o organismo, além da formação de hormônios e vitaminas. Um outro tipo de gordura avaliado no sangue chama-se triglicerídeo.

- Em geral, o colesterol presente em nosso sangue vem dos alimentos que ingerimos (p. ex., alimentos gordurosos), mas o nosso corpo produz colesterol, principalmente no fígado e intestino. colesterol bom e ruim.

- O LDL é a fração ruim porque pode se depositar na parede dos vasos sanguíneos, formando placas e iniciando o processo de aterosclerose (inflamação dos vasos sanguíneos) que pode causar infarto ou AVC (derrame cerebral).

- Já o HDL é o colesterol “bom”, pois tem capacidade de remover o colesterol da parede dos vasos (limpando-os) e transportá-lo de volta para o fígado, aonde será eliminado.

O que é dislipidemia?


- Dislipidemia é a doença causada pela falha na produção/eliminação do colesterol e ou dos triglicérides. Criança pode ter colesterol alto, mesmo quando ainda bem pequena.
O exame de colesterol na faixa etária pediátrica deve ser realizado:

  • Em crianças de 2 a 8 anos obesas, com diagnóstico de diabetes ou que tenham pais com histórico de doença cardíaca ou colesterol alto;
  • Toda criança entre 9 e 12 anos de idade (antes da puberdade). Embora o colesterol alto possa ser mais frequente em crianças “gordinhas”, as crianças “magrinhas” também podem ter colesterol alto e devem fazer exame.

A principal causa de colesterol alto é a alimentação rica em gorduras, o excesso de peso e o sedentarismo. Entretanto, algumas crianças e adolescentes terão colesterol alto mesmo seguindo uma dieta saudável, quando tiverem uma dislipidemia familiar. O colesterol alto de causa familiar é mais grave porque começa na infância podendo causar infarto precoce.

O que é a Hipercolesterolemia Familiar (HF)?

- A HF é uma doença familiar que pode ser detectada ainda na infância e que, com tratamento adequado, pode evitar o infarto do coração entre os 40 e 50 anos de idade. Nestes casos, fazer dieta isoladamente não é suficiente, medicações seguras devem ser utilizadas para controlar o colesterol e prevenir doença do coração no futuro.

Quando suspeitar de Hipercolesterolemia Familiar (HF)?
- Quando existirem pessoas na família com o colesterol muito alto ou história de infarto do coração ou morte súbita antes dos 55 anos (homens) ou antes dos 60 anos (Mulheres).
- Quando o LDL colesterol na criança for maior do que 130 mg/dl. não é mais necessário fazer jejum para coleta de sangue destinada a dosar o colesterol.

Tratamento

O papel do pediatra na prevenção e no tratamento da aterosclerose é fundamental. Deve-se ressaltar que a manutenção de um estilo de vida saudável, ainda na infância, é a base na prevenção da doença aterosclerótica e suas comorbidades que atingem a população cada vez em idade mais precoce.

As evidências de estudos com tratamento medicamentoso em crianças com dislipidemias primárias mostram segurança e eficácia similar às encontradas em adultos. Enfatiza-se que o tratamento medicamentoso só deve ser usado em crianças com anormalidades lipídicas de alto risco ou em outras condições de risco associadas que não responderem às mudanças dos hábitos de vida e não deve ser usado como primeira linha de tratamento.

Podemos controlar o colesterol com mudanças simples, a exemplo de:
- Alimentação
- Evitar: biscoitos recheados, bolo, chocolate, sorvete, hamburguer, batata frita, refrigerante, frituras e alimentos ultra processados em geral;
- Preferir: verduras, legumes e frutas, peixe e frango, leite, queijo branco. - Atividade física
- Evitar: muito tempo de tela (TV, videogame, ipad, smartphones).
- Preferir: brincadeiras ao ar livre, corridas, esporte.
 

Conclusões

Deve-se enfatizar que o tratamento medicamentoso só deve ser tentado em pacientes com anormalidades lipídicas graves ou com condições de alto risco após falha das modificações do hábito alimentar e estilo de vida ou quando essas alterações não estão diretamente relacionadas ao comportamento de vida do paciente. Cabe ao pediatra utilizar os conhecimentos científicos a fim de melhorar a qualidade de vida do seu paciente, utilizando sempre o binômio benefício/risco do paciente pediátrico a curto, médio e longo prazo

 

Referências Bibliográficas

• Luanna Lages (PI), Crésio Alves (BA). Colesterol aumentado em crianças. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ENDOCRINOLOGIA
• Priscilla Severino Gonçalves de CastroI; Fernanda Luisa Ceragioli OliveiraII Prevenção da aterosclerose e tratamento medicamentoso de anormalidades lipídicas de alto risco em crianças e adolescentes . doi:10.2223/JPED.1852